31/10/2013

Sustinho.

Para iniciar bem a minha nova vida como mãe, Dante teve febre. Fiquei daqui pensando que podia ser reação de vacina, se é que isso existe mesmo. Daí que eu fiquei preocupada e o levei ao hospital onde ele nasceu e chegando lá, a pediatra decidiu interná-lo, depois de fazer um exame de sangue que deu uma leve alteração, que a própria médica disse que não era tão relevante, porém era interessante que Dante passasse a noite por lá. Lógico que eu desabei de chorar, poxa vida, meu bebezinho internado tão cedo... quase me arrependi de ter levado o bichinho pra consultar mas vai que... né. Passei a noite em claro e chorando de medo. Na madrugada, Dante teve mais um episódio de febre a 38.2ºC (o único em toda a estadia no hospital). A doutora quis iniciar o usa de antibióticos, com a desconfiança de uma sepse tardia, que é basicamente alguma bactéria que o bebe tenha adquirido no parto que somente se desenvolveu agora com mais de 20 dias de vida. Foi colhido mais sangue pra um exame que confirmaria a sepse, ou não. Esse exame só fica pronto depois de 5 dias. Colocaram meu bebe numa incubadora, que ele odiou ficar e só dormia se fosse no meu colo. Depois trouxeram um bercinho que Dante aceitou bem. Passamos 6 dias intermináveis no hospital. O tempo todo meu coração dizia que meu bebê não tinha nada. Ao mesmo tempo que sentia isso e queria tirá-lo de lá, tinha medo de estar enganada e prejudicá-lo. Parei de chorar e aceitei que era melhor ficar. Fiquei esgotada, não comi nem dormi direito, não por ansiedade ou nervoso, mas por que eram tarefas difíceis mesmo. Uma vez por dia eu vinha em casa tomar banho e pegar roupinha pro bebê. Então que ele permaneceu perfeitamente normal todos esses dias, até que recebemos alta na quarta-feira, com a médica plantonista falando que não tinha entendido o motivo de deixarem ele internado porque realmente nao tinha necessidade... finalmente alguem falou minha lingua, pena que tão depois. Mas dessa experiencia eu levo a força pra aceitar que meu filho pode sim ficar doente como qualquer outra criança, levo a habilidade que adquiri de cuidar dele 100% sozinha, levo o entendimento do amor que eu sinto por ele, levo o valor que tem a nossa casa e levo a consciencia de ser muito abençoada por ter um filho perfeito, saudável e muito inteligente. Não desejo a ninguém a aflição de estar com seu filho internado sem saber o que está acontecendo. Pelo menos agora eu sei que ele não tem nada. "Foi só um susto"

19/10/2013

quinze dias de dante

Hoje nosso bebê-dinossauro completa duas semanas de vida aqui fora. Ainda que eu fique cansada, não consigo reclamar de ter que cuidar dele. Se antes eu achava que ele era dependente de mim, hoje eu acho que eu é que sou dependente dele. Sempre me pego com o maior sorrisão admirando os bicos que ele faz, pensando no quanto ele é todo perfeito e engraçadinho.
Em quinze dias, algumas coisas aconteceram:

- Virou de bruços no segundo dia de vida.
- Tem um biquinho característico de quando vai fazer cocô.
- Regulou os horários e mama de 3 em 3 horas. Geralmente está dormindo nos intervalos.
- Fica acordado à partir das 18 horas até umas 20h.
- O coto umbilical caiu com 12 dias, achei que demorou bastante.
- Fica vesgo por não ter coordenação sobre os olhos.
- Faz barulho ao sugar o peito se estiver com muita fome.
- Tomou vacina e fez teste do pézinho aos 12 dias.
- Está aprendendo a adormecer sozinho no berço.


14/10/2013

Relatando meu parto. Parte II

05 de outubro de 2013: Daqui pra frente não tenho noção nenhuma de hora. Me levaram para o PPP junto com Ramon. No corredor, as enfermeiras já vinham falar comigo, passavam a mão na minha barriga e perguntavam o nome do bebê, todas com sorriso no rosto e pareciam gostar muito de estarem ali. Foram gentis e carinhosas numa escala fora do normal, gostei muito e me senti segura. O ambiente do hospital é claro, iluminado e muito calmo. Acho que era um dia bonito do lado de fora. Tinha uma quartinho pra gente ficar durante o trabalho de parto e ali mesmo meu bebê nasceria. Fui atendida por uma médica excelente, chamada Dra Carolina que me pareceu muito jovem e apesar disso, senti firmeza nela, sempre esclarecedora e muito educada também. Foram feitos exames de toque de hora em hora. Exames de toque não me incomodaram, não senti desconforto e encarei aquilo muito bem, afinal era necessário. Sentia muita dor mas aguentava bem. Como o esperado, a dilatação aumentava 1 cm por hora. Ramon fazia massagem nos meus pés nos intervalos de contração, porque durante elas eu ficava meio irritada, aí pedi pra ele parar quando a contração viesse e ele aceitou bem, me dando a mão pra eu apertar. Ele ria com os sons que eu fazia enquanto sentia dor e depois eu achava graça também. Tudo era muito tranquilo. Recebi uma jarrinha com água pra me manter hidratada. Não senti vontade de ir ao banheiro, nem fome durante todo o dia. Vez e outra ficava sozinha com Ramon no quarto, bem quietinhos e em momento algum achei que Ramon estava nervoso ou tenso, ele sorria, conversava comigo e as enfermeiras. As meninas do GNT chegaram (pra quem não sabe, meu parto vai passar no programa Boas Vindas do canal GNT em breve) e foram muito simpáticas e discretas. Perguntavam coisas e ficavam quietinhas quando eu gemia de dor. Me encorajaram também. A Dra Carolina veio fazer mais um exame de toque e conversar um pouquinho e nessa hora Ramon foi almoçar no refeitório para acompanhantes. Chegou almoço pra mim também. Não lembro de ter comido mas tomei o suco de goiaba. Sentia bastante dor mas quando passava, era um alívio muito gostoso. Lembro de cochilar durante uma contração e outra, de tão tranquila que eu estava (e cansada). Ramon filmou algumas coisas escondido com a câmera que o Rafinha emprestou. Caminhei pelo hospital com a enfermeira Cris, que ficava me distraindo pro tempo passar mais rápido. Conversamos sobre ser mãe e como a vida muda desde que descobrimos que estamos grávidas. Me deram um gás doido que ajudava a aliviar a dor quando eu o sugava. Não sei se fazia efeito real ou se era psicológico e também me ajudava a respirar melhor. Quando cheguei aos 7cm, as dores pioraram muito. Quiseram me levar pro banho quente mas eu não quis. Me sentia mais segura deitada na cama e me sentia fraquinha quando a contração vinha e eu estava de pé. Vomitei a bílis aos 8cm, era reação de dor e eu não tinha comido nada pra poder vomitar. Aos 8,5 cm estouraram minha bolsa. Aí foi muito mais intenso, doía muito mais e eu me sentia cada vez mais cansada. Foi indicado começar a fazer a tal da força quando a contração viesse, pra ajudar o bebê a descer. Me levaram pra 'rebolar' na bola de pilates pro bebê encaixar. Sentia o pézinho do bebê na minha costela ainda. No exercício da bola, a dor era enorme e eu gemia muito alto. Quando saí de lá, minha barriga já estava muito baixa. Deitei na cama outra vez e quando tornei a fazer força, minha visão ficava turva, com umas manchas pretas e eu achei muito estranho, tive medo de ser pressão baixa ou alta mas estava tudo certo. 9cm de dilatação e uma dor boçal. Minha visão continuava turva e eu não estava ouvindo direito, parecia que meus ouvidos estavam abafados com fones. Lembro de tentar fazer força e não conseguir direito. Ficava convidando Dante pra nascer e as enfermeiras chamavam também. Ramon sempre do meu lado, me abanava, secava meu suor, me incentivava o tempo todo. Acho que quase quebrei a mão dele, coitado... Dilatação total e eu achei que ia morrer. Pedi analgesia e acho que complicaria mais tarde caso nao tivesse sido anestesiada, estava muito fraca e cansada. Ramon ainda tentou me fazer desistir mas eu não cedi. Hoje me arrependo mas ali a gente fica desesperada. Me colocaram deitada de lado pra fazer anestesia e deitada desse jeito tive certeza que era muito pior de aguentar a dor. O anestesista fez inúmeras punções na minha coluna e não conseguia acertar o local. A cada agulhada, sentia um choque forte nas pernas, que se moviam sozinhas. Fiz força involuntária pro bebê sair. Acho que se passaram uns 20 minutos até chamarem outro anestesista pra aplicar a ráqui. Este me colocou sentada e acertou de primeira. Nesse período de tentativa de analgesia, eu via o Ramon muito nervoso e fiquei preocupada com ele. Certamente foi o momento mais tenso de todo o TP, foi horrível mesmo. A dor aliviou e me deixaram descansar uns minutos mas Dante queria muito sair. Me recompus e voltei a ter noção do que acontecia. Na sala haviam 3 ou 4 obstetras, 3 anestesistas, 2 pediatras, 3 meninas do GNT, 3 enfermeiras e o Ramon. Depois descobrimos que só tinha eu e mais uma mulher parindo. Atenção total. Fiz a força certinha. Dra Carolina anunciou que já dava pra ver o cabelinho. Uma picadinha pra anestesiar perto da vagina também. Fiz muita força. Fizeram episiotomia, que saco. Conseguia fazer uma força longa e demorada, que saia junto de uns gemidos. Ramon empurrava minha cabeça e depois dava uma olhadinha 'lá'. Disse que viu o cabelinho. Mais uma força e pronto, saiu tudão! Dante nasceu! Todos comemoraram. Eu comecei a chorar e rir ao mesmo tempo, enquanto Dante chorava muito alto em cima de mim. Ramon tinha o sorriso mais lindo do mundo e me beijava dizendo que estava orgulhoso de mim. Apesar da anestesia, eu tinha conseguido. Me apresentei pra Dante, disse que era sua mãe e que ele era lindo. Ele olhou pra mim e fez um bico, depois voltou a chorar. Todo peludinho e muito grande. 52cm e 3,880kg. A touca não coube nele. Levaram meu bebê por uns 5 minutos pra pesagem e limpeza. Ramon continuou comido durante a 'costura'. As enfermeiras disseram que foi um corte pequenininho, 5 pontos. Consegui levantar da cama e sentei na cadeira de rodas. Eu estava aliviada. Minhas pernas doíam muito e eu estava muito cansada. Fui para o alojamento. Minha mãe chegou pra ficar comigo. Às 21h senti vontade de fazer xixi. Minha pressão caiu enquanto eu estava sentada na privada. Eu desmaiei. Voltei pra cama e dormi. Dante acordou duas vezes pra mamar e eu já produzia colostro, ele já mamava bem. Amamentar é gostoso. No domingo tomei banho e minha mãe me fez uma trança no cabelo, pra receber as visitas. No fim do dia senti dor de cabeça forte. Na segunda feira foi pior ainda.Relatei pra obstetra de plantão mas ela cagou pra mim, falou que era assim mesmo. Vomitei de dor durante a palestra sobre amamentação. Fui diagnosticada com Cefaléia pós ráqui. Não me mandaram repousar por causa da anestesia. Me fodi. Não consegui cuidar do meu bebê e dependi da minha mãe, Ramon e minha sogra durante 1 semana. Fiquei um caco no dia 10, quando eu e Ramon completamos 3 anos juntos e eu sequer conseguia ficar sentada na cama pra abraçar ele direito. Depois que ele foi embora, tive uma crise de choro. A menina que dividia o quarto comigo pediu pra orar e eu deixei. Depois eu dormi e Dante também dormiu bem. Desde segunda feira que não conseguia comer a comida do hospital. Me alimentei de frutas que minha mãe levou escondido. Acordei com fome na sexta feira, dia 11. Minha mãe comprou pão com queijo. Comi. Levei 10 minutos pra sentar na cama, com medo de sentir dor, que só passava se eu estivesse deitada. Consegui. Ainda doía, mas muito pouco. Continuei com medo de ir pra casa e piorar. Outra obstetra veio e me disse que se doía menos, era bom sinal porque não tinha como piorar mais. Ela me tranquilizou e me deu alta. Fiquei emocionada e chorei. Me senti cada vez melhor. Liguei pro Ramon que ficou meio sem acreditar. Minha mãe deu banho no bebê e eu consegui colocar a roupinha nele pela primeira vez. Nesse dia Ramon trocou a fralda do bebê sozinho. O GNT chegou pra terminar de gravar. Já me sentia muito mãe e não via a hora de chegar em casa... A nova rotina é muito gostosa. Meu bebê é muito saudável, tenho um marido maravilhoso e uma família linda... Fico feliz de ter conseguido gravar na minha mente tudo o que aconteceu durante esses dias difíceis. Hoje me sinto muito mais madura e adulta. O sentimento de estar completa aumenta todos os dias. É o cansaço mais gostoso do mundo... e só está começando.

<3

Relatando meu parto. Parte I

Lua Nova às 23h37. Sol em Libra. Agora vai.

Madrugada de 03 para 04 de outubro de 2013: Senti uns 'gases' me incomodando na barriga, nada relevante pra ser comentado. Eu e Ramon fomos dormir por volta das 2 da manhã.

04 de outubro de 2013: Acordei e senti novamente os 'gases', que agora me incomodaram um pouco e pareciam ocupar toda minha barriga. Continuei sem comentar. Durante esse dia, Ramon foi até a Barra e voltou de noite já. Quando ele chegou, falei sobre o incômodo, que foi estava se tornando mais chato e frequente. Minha mãe entrou em pânico afirmando que eram contrações mas eu achei tão fraquinho que não levei à sério. Comecei a marcar o tempo por volta das 20 horas e os intervalos eram muito loucos, 1 hora de intervalo, depois 32 minutos, depois 45 e continuou desregulado porém mais intenso. Quando o intervalo durou 20 minutos eu decidi ir ao hospital pra confirmar a suspeita. Já era meia-noite.

Madrugada de 05 de outubro: Chegamos ao hospital, demorei umas 4 horas pra ser atendida. 1 cm de dilatação, volta pra casa, descansa, toma um buscopan composto e observa se vai doer mais e se o intervalo chegar a 5 minutos você volta aqui. Chegamos em casa amanhecendo o dia. Eu estava sem comer desde as 23 horas do dia 04, quando fiz um lanche em casa antes de ir ao hospital. Comi 01 biscoito e fui tentar cochilar. As dores realmente se intensificaram.

05 de outubro de 2013: Acordei 7h30 e decidi voltar pro hospital, com intervalos de 6 minutos. Tive uma dor de barriga braba, não conseguia dar um passo pra fora do banheiro. Tinha uma gotinha de sangue na minha calcinha e saiu um pedacinho do meu tampão no banho A essa altura, Ramon já tinha colocado as malas no carro e posto o carro pra fora da garagem. O piriri passou, então saímos. Maldita rua, cada buraco da estrada era uma contração. Ramon piloto de fuga. Dessa vez fui atendida mais rápido. Fui ao banheiro antes da consulta e saiu mais um pedaço do tampão. No exame de toque, saiu o tampão todão com sangue. Sangue é normal, não tem nada de errado com você e seu bebê, tá ? 5 cm de dilatação, tira toda a sua roupa e coloca essa daqui, pode ficar com o chinelo mas os brincos e o piercing tem que tirar. Enfermeira, traz fralda que ela tá sangrando um pouquinho e  vamos internar essa moça aqui, tá ? Traz cadeira de rodas pra ela, exame de sangue, vamos ouvir o bebê. Florzinha, você vai passar pela assistente social. Você tem acompanhante ? Tenho meu marido. Ok, vamos chamar. Fiquei animadíssima e ao mesmo tempo com medo. Queria ver o Ramon logo, queria que tudo desse certo. Ramon chegou e eu fiquei mais tranquila. Assistente social chata perguntando monte de coisas nada a ver e eu na sala dela sentindo dor pra cacete. Mas que idéia, não podiam perguntar depois do parto ? Mesmo com dor fiz piada sobre andar de cadeira de rodas. As coisas iam simplesmente acontecendo, realmente não sabíamos os próximos passos. Foi bom ter fluído naturalmente. A dor era bem chata mas muito suportável. Acredito que era por volta de 8h40.

A partir desse momento eu não sei se a ordem dos acontecimentos que vou narrar aconteceu realmente assim.

Continua.