Sobre maldades involuntárias.

Dante, meu filhote, o post de hoje talvez nem seja exatamente pra você, mas sendo esse blog um veículo de comunicação, espero que muitas pessoas vejam e entendam os motivos de eu estar escrevendo isso. Ainda desabafando isso tudo com seu pai, que é um ótimo ouvidor, mas acho que mais gente devia ler. Hoje eu venho falar da maldade das pessoas.
Eu sinceramente espero que essa maldade toda seja uma coisa involuntária, porque seria muito mais maldade premeditar agir dessa forma, até porque são várias as pessoas que pensam dessa forma.
O que eu falo aqui é do remorso e das frustrações, que são coisas praticamente impossíveis de se fugir, visto que somos seres racionais - porém nem tanto - e errar ou se decepcionar faz parte da rotina de vida, ainda que não planejado. Acho sinceramente que todos seríamos pessoas melhores se nós gerássemos menos expectativas diante dos planos. Acho que todos deveríamos considerar as coisas com os pés totalmente no chão, porque vocês precisam concordar, nada do que vocês planejaram na vida aconteceu exatamente do jeito que vocês queriam, nem nunca vai acontecer, porque você não está sozinho no mundo pra controlar toda e qualquer possibilidade de falha.
É daí que vem o que me tirou o sono essa noite: as pessoas descontam suas frustrações no próximo da fila. E isso sim é a maldade que eu falava. É praticamente dizer que esse próximo da fila tem que se ferrar igual a você. Eu e você sabemos que isso é mentira, não é, Dante ?
Tem um grupo de pessoas que insistem em dizer que pra aprender a viver a gente tem que quebrar a cara. Não, eu não tenho. Pode acontecer, porém as coisas podem dar certo pra mim. Repentindo, não do jeito que eu planejei - mas de uma forma igualmente agradável, ainda que demorada, ainda que inesperada. A vida pra mim pode ser fácil sim. Você ter sofrido não é sinônimo de sofrimento pra todos. Isso também não te faz menos merecedor de 'coisas que dão certo'. Só que as coisas aconteceram diferentes pra você, o que é extremamente bom, porque somos todos pessoas diferentes.
Mas porque planejar se nunca acontece como está no plano ? Bom, a gente tem que se agarrar em alguma coisa. Essa história de deixar a vida te levar também é grande causador de frustrações e todo aquele ciclo que eu contei. Porque no fundo, bem no fundinho mesmo, atrás daquele 'to nem aí' que alguns insistem em anunciar, existe um planinho. Uma vontadezinha. E o mínimo errado que isso der, vira uma decepção enorme.
A questão da maldade involuntária é que o próximo da fila provavelmente é a pessoa mais inexperiente do mundo. Eu nem aguento mais ouvir falar em 'você aguenta, não dá pra morrer por isso não'. É lógico que não dá pra morrer de morte morrida, eu morreria de desapontamento, mas teria como me dizer mais ou menos que caminho seguir ? Não quero chegar lá na frente cheia de dor no peito por somente agora saber o que fazer naquela situação, ficar imaginando como eu poderia ter feito se soubesse o que me esperava. E do que adianta saber somente agora ? Talvez eu não tenha que repetir esse caminho. Quem não se deu bem, eu sei que talvez não tenha tido o mesmo pensamento que eu, poderia me guiar ? Não é questão de experiência, é questão de poupança. Não preciso de experiência ruim pra saber viver. Não quero saber o quanto as situações podem ser desagradáveis se existe a chance clara de vivencia-la da melhor maneira possível. Permitir sofrimento podendo evita-lo é um egoísmo gigantesco! Tenho consciência das chances de certo ou errado.
Filhote e amigos, ainda não me apareceu alguém que aceite me guiar. Caso isso não mude, eu torço pra que as minhas coisas deêm certo. Do jeito que for, o próximo da minha lista será muito bem aconselhado, porque minha maldade a partir de agora não será mais involuntária, tendo escrito tudo isso. Só quero boas notícias.

Com amor,
Bela.